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Quando o desejo de ter algo ou alguém se torna maior que a capacidade de enxergar a realidade

Tenho presenciado incontáveis situações onde a pessoa quer tanto alguma coisa ou alguém, que simplesmente despreza todos os sinais que estão bem na sua frente em detrimento desse desejo.

Para explicar o que quero dizer, vou começar com uma experiência pessoal bem simples. Uma vez, eu decidi que queria comprar uma calça que fosse de determinada cor e estilo. Quando finalmente a encontrei, entrei na loja e experimentei diversas vezes a tão desejada peça de roupa e pensei: “É exatamente isso que estava procurando!”. Quando comecei a usá-la no dia a dia, percebi que tinha um defeito bem evidente no corte de uma das pernas e a costura entortava para frente. Essa informação sempre esteve lá. Quando experimentei a calça na loja, olhei diversas vezes no espelho, mas meu desejo de tê-la era tão grande que fiquei completamente cega para ver o que estava bem na minha frente.

A dificuldade de enxergar a realidade nos relacionamentos amorosos

Se você olhar para as relações amorosas é possível observar isso acontecendo o tempo todo. Eu costumo dizer que, logo nos primeiros encontros, uma pessoa pode ter informações mais do que suficientes para saber como a outra pessoa funciona. Logo de cara, dá para perceber, por exemplo, o quanto ela é ética, respeitosa, comprometida, que tipo de caráter tem e se está aberta ou não para se relacionar, entre outras coisas. Mas, se o desejo de ter alguém, um namorado, marido, família for grande demais a pessoa simplesmente vai “optar” por não ver essas evidências.

Tenho testemunhado inúmeros casos que mostram exatamente isso. Um exemplo: uma mulher de 40 anos que queria fortemente uma família, se casou com um homem que visivelmente não respeitava os pais, irmãos e pares no ambiente de trabalho. Falava palavrões o tempo todo e costumava ridicularizar as pessoas com seus julgamentos e críticas. Não demorou muito para que ele começasse a também não respeitá-la com seu ciúme doentio, brigas, descontroles emocionais e xingamentos. O estrago emocional e financeiro que esse relacionamento provocou na vida dessa mulher foi absurdo e muito triste de ver. Ainda que as pessoas da sua família tentassem alertá-la, a determinação de “ter a família perfeita tão desejada” não permitiram que ela pudesse olhar verdadeiramente para o que estava diante dela.

É muito interessante perceber que quando o desejo fica grande demais, isso impede a pessoa de se dar conta do sofrimento que está se impondo em nome de um objetivo.

Uma outra mulher de 30 anos estava louca para ter um namorado e se interessou por um homem que escolheu como “aquele”. Sua autoestima estava tão baixa que o fato dele mostrar apenas eventual desejo em vê-la já era suficiente para que ela se imaginasse realizando essa relação. Ele era do tipo que enviava algumas mensagens e iniciava uma conexão e depois ficava dias e semanas sem dar notícias ou sem responder às suas mensagens. O nível de carência e desejo de ter alguém fazia com que ela se saciasse com algumas migalhas que recebia de vez em quando e a vontade de tê-lo como namorado ajudava a mente a criar justificativas suficientes para explicar o comportamento dele.

Recentemente, me deparei com um caso de uma mulher de 48 anos, que também estava querendo um relacionamento sólido e duradouro depois de um bom tempo sozinha. Quando “finalmente” encontrou “a pessoa certa” colocou todas as expectativas nesse início de relacionamento desrespeitando todas as evidências. Ele, embora tivesse se mostrado muito interessado e aberto no início, aos poucos foi respondendo menos à sua empolgação e romantismo. As mensagens de texto passaram a ser mais defendidas na medida que o final de semana, onde passariam juntos pela primeira vez, se aproximava. O desejo do final de semana “romântico” era grande demais para perceber o início de um distanciamento e até uma certa secura da parte dele. Não é preciso muito para deduzir que ali já era o começo do fim de toda a fantasia que ela criou dentro de si.

Preste atenção no seu corpo

Quanto tempo até que possamos “acordar” e ver claramente o que está acontecendo realmente? Quanto tempo demoramos para conectar com a percepção e intuição que grita nos nossos ouvidos dizendo que tem algo muito esquisito ali?

Tenho observado quanto sofrimento prolongado isso traz. Tento entender como é possível ignorar os sinais do corpo, que, por optar por não ver, começa a se despedaçar por dentro.

Percebo que o caminho para acordar é realmente prestar atenção ao seu corpo e ao da outra pessoa pois, embora a boca diga algo e a mente explique ou justifique o que ouviu, o corpo vai dar informações mais precisas do que está acontecendo verdadeiramente. Basta apenas estar disposto a olhar e a enxergar.

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