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A culpa é aquela que move as maiores montanhas

Dizem que a fé move montanhas. Não tenho dúvidas disso. Porém, percebo que as maiores montanhas são movidas pela culpa. As pessoas fazem coisas incríveis em nome da culpa ou até deixam de viver a própria vida para amenizar esse sentimento tão difícil de ser suportado.

Tenho visto inúmeros exemplos disso…

Culpa de dizer “não” e então a pessoa fica em um relacionamento ruim; de dizer “sim” para o namorado que quer pagar a conta (“eu pago, mesmo que minha conta esteja estourada”); de viver a vida do jeito que quer e acredita (“vou fazer engenharia como meus pais, pois ser um esportista, afinal, não é tão  importante assim”); de ter dito o que queria (a jovem que dá um passo para se desprender de uma mãe controladora e volta atrás quando esta se faz de vítima); ou de não ter dito coisa nenhuma (“eu não disse que amava meu pai antes dele morrer”).

Filhos e a culpa

Uma das maiores culpas que tenho observado é a de mulheres que fizeram aborto.
Sem julgamento nenhum. Quem sou eu para julgar ou criticar uma decisão dessa grandeza? Acredito que as pessoas têm o direito de fazer as escolhas que consideram corretas para elas, quaisquer que sejam. Porém, toda escolha tem consequências boas e ruins e precisamos estar conscientes disso para poder lidar adequadamente quando elas surgirem.

Essas mulheres, quando de fato têm um filho que nasce, é muito comum que cuidem desse filho com um excesso de preocupação. São aquelas mães que não dormem até que o filho chegue em casa de madrugada ou que não descansam quando estes viajam etc. Tenho visto muitos e muitos exemplos disso nas vivências das constelações familiares.

A culpa do aborto anterior faz com que, inconscientemente, elas acreditem que serão punidas pelo que fizeram e que a punição virá através da morte de um dos filhos vivos. É um sofrimento enorme sem descanso. Mas a grande maioria não faz esta conexão entre os fatos. São simplesmente “mães preocupadas e dedicadas”.

Também já vi casos de câncer ligados a esse tema, muitas vezes como forma de expiação.

Culpa dentro da família

Outra culpa que percebo que traz grandes consequências é o desrespeito com os pais.

É comum termos nossos maiores desafios dentro da família e é de senso comum que essas relações não são muito fáceis, mas, quando desrespeitamos nossos pais, a culpa pode trazer muitos sintomas, incluindo doenças autoimunes. Recebemos muito dos nossos pais. O que eles fizeram por nós não tem como ser pago. Eles nos deram a vida e, a partir dali, cuidaram de nós incessantemente. Foram horas de dedicação, de amor e carinho; de noites não dormidas; ensinaram-nos a falar e andar; brincaram conosco; pagaram as escolas, roupas, livros, esportes; nos levaram ao médico infinitas vezes; sem falar nas viagens. Essa lista não tem fim.

Quando, por qualquer razão, falamos mal ou desrespeitamos nossos pais, acabamos por, inconscientemente, procurar por uma autopunição. Já vi pessoas que não se permitem ser felizes, que não prosperam na profissão, que desenvolvem doenças e sintomas, que não conseguem ter filhos etc. Internamente sabem que têm uma dívida com eles e o desrespeito (as críticas, julgamentos, cobranças, se sentir superior, controlá-los) só aumenta ainda mais o equilíbrio de troca e a pessoa vai procurar uma forma de expiar isso.

Às vezes a culpa aparece exatamente pelo motivo oposto. Os jovens que, em algum momento, querem ou precisam ir embora de casa para viver a sua vida e têm culpa porque acham que devem ficar cuidando dos pais, já que eles fizeram tanto por eles. E, por não conseguirem suportar esse sentimento, eles não vão e não se dão o direito de crescer e ter uma vida independente e livre. Ficam “presos”, enredados. Muitos nem se casam. Alguns acham que se saírem os pais vão sofrer ou vão se sentir sozinhos e, então, ficam e pagam um preço alto por isso.

Nem sempre as pessoas conseguem bancar ir em frente, mesmo sentindo culpa. Mas é este seguir em frente que trará maturidade e força, que transforma e floresce, que coloca a vida no fluxo do amor e faz acontecer as melhores experiências, mas precisamos de coragem. Muita!

Uma vez vi um post que dizia: “Tá com medo? Vai com medo mesmo!”. Eu gostaria de dizer aqui: “Tá com culpa? Vai com culpa mesmo”. E boa sorte…

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